Prefeitura amplia turmas de alfabetização de jovens, adultos e idosos no distrito do Bengui

• Atualizado há 2 meses ago

Teve música, ciranda, abraços e afetos. Foi neste clima festivo que a Coordenadoria de Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Coejai) da Secretaria Municipal de Educação (Semec) ministrou na noite desta segunda-feira, 4, aula inaugural no espaço de aprendizagem “Casa da Vovó”, no bairro da Pratinha, que vai alfabetizar em duas turmas, mais 30 estudantes entre 50 e 75 anos. Era a voz do Movimento Alfabetiza Belém (Mova) presente no Distrito do Bengui (Daben), um dos programas prioritários da Prefeitura de Belém que tem o compromisso de superar o analfabetismo na cidade até 2025.

“A meta é ampliar cada vez mais nosso movimento nos distritos de Belém”, explica o professor Miguel Picanço, coordenador da Coejai. Ele prevê a alfabetização de mais 1.500 estudantes neste ano. Histórias de lutas, superação e resistência vão ilustrar a importância social e transformadora do Alfabetiza Belém.

Num espaço majoritariamente ocupado por mulheres e repleto de Marias e suas vivências, é possível encontrar casos bem parecidos. A dona de casa Maria Zilda, 68 , vai voltar a estudar após 40 anos. “Precisei trabalhar, criar os filhos e quero aprender a ler de verdade para entender a Bíblia”, relata, emocionada, com a oportunidade do Mova. “Quem não quer aprender, né, minha filha?”, diz Maria, decidida a superar os desafios da escrita e da leitura.

A Maria Lúcia Martins, 70, também conta uma história semelhante. Veio do Marajó aos 9 anos para trabalhar e estudar em Belém. De lá pra cá, diz Maria Lúcia, “a vida foi ficando mais difícil e eu fiquei sem estudo. Agora, estou muito feliz porque é bom a gente aprender”, completa.

As professoras Rita Nunes e Ana Paula terão a responsabilidade de acolher essa turma de Marias da Pratinha, com auxílio luxuoso do açaí com peixe frito, do bolo de banana, da tapioquinha feita na hora. “A partir das nossas comidas, da realidade do nosso território, e com tempero especial de amor, respeito e afeto, vamos superando esses desafios”, pontua Rita.

A professora conta que a mãe, outra Maria, mesmo vivendo em situação de analfabetismo, sempre incentivou a filha a estudar e buscar novos conhecimentos. “E hoje estamos aqui, construindo com várias mãos, a possibilidade de transformação social na vida dessas pessoas”, reconhece Rita. Só no Daben são  dez turmas de Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai) e 150 estudantes.

Movimento para superar o analfabetismo

A Semec encerrou o ano de 2023 com 2.250 pessoas certificadas pelo Movimento Alfabetiza Belém, em parceria com os movimentos sociais e com as 38 escolas municipais que abrigam o projeto. Sob a coordenação da Coejai, a iniciativa pretende tornar a capital paraense livre do analfabetismo até 2025. 

O Alfabetiza Belém, instituído em fevereiro de 2021, atua em duas frentes de trabalho: com turmas da Educação de Jovens, Adultos e Idosos nas escolas municipais, e em espaços comunitários com o auxílio de instituições públicas e movimentos sociais. O público-alvo do programa são pessoas com 15 anos ou mais que por algum motivo nunca frequentaram a escola ou tiveram que abandonar os estudos.

Texto:

Silvia Sales

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