“O mês de maio é o mês do meu aniversário e eu gosto muito do meu nome de batismo: Araceli. Mas o dia 18 de maio me toca profundamente porque lembra o episódio do brutal assassinato da menina Araceli Crespo, raptada, drogada, estuprada e morta, em 1973, no Espírito Santo”. Estas foram as primeiras palavras da secretária Araceli Lemos, titular da Semec, nesta terça-feira, 14, na mesa de abertura do seminário promovido pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) sobre violência sexual contra crianças e adolescentes.
Integração – Ao lado da subprocuradora-geral, Ubiragilda Pimentel, que presidiu a mesa de trabalho, Araceli Lemos agradeceu a presença dos diretores das escolas municipais, presentes ao evento, e destacou o compromisso da Secretaria Municipal de Educação (Semec) com uma causa tão nobre. Defendeu o combate permanente contra qualquer forma de violência nas escolas e lembrou que as crianças precisam de proteção, amparo e assistência. Para isso é preciso envolver toda rede municipal de ensino, parceiros e aliados na luta.
“Além dos nossos professores e diretores de escola, a nossa orientação é envolver o porteiro, o vigia e todos os que trabalham na escola”, acrescentou. Citou o empenho da coordenadora de Educação e Saúde da Semec, Camila Malcher e o aplicativo Guardiões, que identifica os problemas de saúde dos estudantes, tanto na dimensão física, como emocional. Defendeu a articulação com todas as instituições da rede de proteção às crianças e adolescentes, visando a abordagem transversal no combate ao abuso sexual, estupro de vulneráveis, pedofilia e páginas de pornografia.
Estatística – A promotora de justiça, Mônica Moreira Freire, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude, apresentou um levantamento nos municípios da região metropolitana e Castanhal, entre 2018 e 2022, em que dos 4.407 delitos envolvendo crianças e adolescentes, 85% dos crimes de abuso sexual atingem as meninas; 36% atingem meninas entre 12 e 14 anos; 83% dos estupros foram dirigidos a meninas de menos de 14 anos.
A promotora disse que boa parte dos crimes de abuso sexual fica impune. “É um crime que dificilmente é feito o flagrante, pois, geralmente, a denúncia é feita muito tempo depois”. O impacto emocional na vítima é muito forte e, em muitos casos, as pessoas não conseguem superar o trauma.
Texto: Paulo Roberto Ferreira
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