A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec), e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) iniciaram neste sábado, 23, uma parceria com potencial de transformar muitas vidas. Vinte apenados do projeto “Conquistando Liberdade”, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), passaram a manhã deste sábado, 23, limpando a Escola Municipal Amália Paumgartten, no bairro do Guamá.
A ação voluntária de roçagem, capinação, desobstrução de canaletas e lavagem do prédio da escola vai ser ampliada para toda a rede municipal de ensino e irá além.
“O que vamos fazer, a partir de agora, é construir um programa articulado entre a prefeitura e o governo do Estado para que a gente gere renda e qualificação profissional para essas pessoas e assim possamos de fato ressocializar, trazê-los de volta à sociedade com condição digna de trabalho, moradia e educação”, afirmou a professora Andrea Ewerton, diretora administrativa da Semec, que acompanhou o início dos trabalhos.
Andrea destacou que a rede municipal de ensino de Belém tem 204 unidades e uma parceria é muito bem-vinda: “Vamos marcar uma reunião com a Seap para construirmos coletivamente um planejamento para a rede inteira, com uma periodicidade, com orçamento previsto”.
Seap – O secretário de Administração Penitenciária do Pará (Seap), Jarbas Vasconcelos, disse que o grande desafio para o trabalho prisional e mesmo para a educação prisional é garantir regularidade e previsibilidade. “Uma parceria é muito importante. Precisamos fazer mais vezes, de forma permanente e regular o trabalho prisional, que é o projeto ‘Conquistando a Liberdade’ e o ‘Papo Di Rocha’ nas escolas municipais”, afirmou.
“Essa sinergia de esforços é uma sinergia socialmente virtuosa. E é o que a gente quer. O ideal é termos um projeto grande. Nos interessa chegar às famílias”, acrescentou.
Jarbas explicou que “Papo Di Rocha” ocorre quando o “Conquistando a Liberdade” vai às escolas. “Os apenados do ‘Conquistando a Liberdade’ vão às escolas falar da experiência deles, conscientizar os jovens sobre os riscos da criminalidade”, explicou. “São projetos importantes não só porque limpam, higienizam, reformam as escolas de forma barata, mas também porque com o ‘Papo Di Rocha’ se conscientiza o jovem e a comunidade”, completou.
Oportunidade – Fernando, um dos apenados que participou da ação de limpeza da escola, disse que vê no “Conquistando a Liberdade” a oportunidade de mostrar que pode voltar ao trabalho e ser produtivo “e ter de novo o respeito da minha comunidade”.
“Eu antes vendia caranguejo na feira”, disse ele, que não quis ter o sobrenome revelado. Esta foi a primeira vez que Fernando articipou do projeto. O apenado comentou que pretende continuar com o trabalho voluntário.
Os detentos que participam do “Conquistando a Liberdade” ganham o direito à remissão de pena, reduzindo um dia de prisão a cada três dias trabalhados. Eles recebem uma bolsa de um salário mínimo pelo trabalho e metade do valor é entregue às famílias deles.
Reforma – A diretora da escola Amalia Paumgartten, Isvanete Costa Ferreira, comemorou o apoio da Seap na limpeza da unidade. Ela destacou o abandono ao qual a escola estava submetida, agravando cada vez mais os problemas estruturais do imóvel, e disse que a nova gestão da Semec enviou na segunda-feira, 18, uma empresa para realizar serviços de manutenção na escola “que estão mais para uma reforma completa”.
“Aqui nós temos problemas de estrutura física, principalmente de drenagem. Em época de inverno amazônico alaga porque o sistema de drenagem da escola não tem saída para a rua. É um problema de muito tempo e essa semana, felizmente, a Semec já entrou com a empresa para solucionar esse problema e também dos telhados da escola e dos forros. Vão ser reformados também os banheiros e possivelmente a quadra”, festejou a professora.
Isvanete, que está há um ano na unidade, contou que quando chegou à escola os bebedouros eram ligados diretamente à rede da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa): “Era essa água que os alunos bebiam. Reunimos com o conselho escolar e compramos filtros”.
A escola, informou ela, tem 50 anos e atende 596 alunos distribuídos em dois turnos, do jardim 2 ao 9º ano. “Atendemos um público muito grande do Guamá. Há décadas a escola não via uma reforma. Havia pombos no telhado, foi retirada muita sujeira do forro. Agora, com a reforma vai melhorar a permanência em sala de aula e melhorar a aprendizagem”, disse.
Andrea Ewertou ressaltou que a atual gestão da Semec autorizou nesta semana o início das obras de reforma na escola do Guamá e a ação parceira da Seap, num esforço de preparar a unidade de ensino para o retorno às aulas presenciais, de acordo com as determinações dos órgãos da saúde e do Comitê de Combate à Covid-19 da Prefeitura de Belém.
Texto:
Lilian Leitao