II Mostra de Saberes e Sabores fortalece a cultura alimentar cabocla nas escolas

• Atualizado há 12 meses ago

“A ideia é fomentar nas escolas esse lugar de pertencimento caboclo, a partir da valorização da cultura alimentar da Amazônia paraense”, explica o professor Miguel Picanço, que comanda a Coordenadoria de Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Coejai), que integra a Secretaria Municipal de Educação (Semec), ao comemorar a realização da segunda edição da Mostra de Saberes e Sabores, no dia 11 de dezembro, das 17h às 20h, no Hangar – Centro de Convenções. 

Nesta II Mostra serão apresentados 52 pratos – 14 delícias a mais em relação ao ano passado – idealizados e produzidos por estudantes e servidores de 38 escolas, que abrigam a modalidade Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai), com a participação de 41 estudantes e 11 servidores.

Diversidade de alimentos

A Mostra de Sabores e Saberes da Ejai, desdobramento do projeto “Alfabetização à Mesa”, utiliza a riqueza e a diversidade da cultura alimentar amazônica no cotidiano da sala de aula, como tema gerador do processo de ensino-aprendizagem do “Movimento Alfabetiza Belém” e propõe valorizar e recontar afetividades, a partir da comida cabocla amazônica, numa forte iniciativa de demarcação de identidade regional.

“Portanto, o evento é lugar de socialização das vivências oriundas dos espaços escolares, trazendo a comida como referência de experiências pedagógicas, de histórias e memórias afetivas”, destaca o coordenador da Coejai. 

Neste espaço de cheiros de cozinha de vó, sabores de domingo, de ensino e aprendizagem serão compartilhadas histórias perpetuadas por várias gerações expostas em cada prato da comida cabocla, com pitadas generosas de boas lembranças e saudades a gosto.

Premiação

A socialização pedagógica mediada por comensalidades premiará as comidas selecionadas em primeiro, segundo e terceiro lugares, nas categorias servidor e estudante. Valem muito os sabores portadores de carga simbólica afetiva e marcadores das identidades caboclas, amazônicas e paraenses.

As delícias da Amazônia paraense serão avaliadas a partir dos seguintes critérios: experiência pedagógica com a comida (4 pontos); o elo entre a comida e a(o) autor(a) – a carga identitária da comida (3 pontos), além, claro, do sabor da comida (3 pontos). 

As tradições da cultura alimentar

Quem quiser ver de perto a “Rainha da Amazônia”, prato surpresa da Patrícia, servidora da Escola Municipal Edson Luís; o “Mingau de Crueira”, da Meryana, que trabalha na Escola Olga Benário; o tão esperado “Vatapacaranguejo”, do trio Maria Dilma, Valdemir e Érika, estudantes da Escola Palmira Gabriel ou o chamegoso “Doce de Vó”, do André, que estuda da Edson Luís, não pode perder essa festa de sabores e ancestralidade.

“É uma iniciativa que veio para ficar, compondo o currículo da educação de jovens, adultos e idosos, estabelecendo o diálogo entre a cultura alimentar e a escolarização desses estudantes”, pontua Miguel Picanço, ao destacar que, apesar dos processos de padronização dos costumes alimentares, “é possível manter outras práticas que trazem ancestralidade, como por exemplo, comer a farinha, o que é muito presente na mesa do paraense. Estamos trazendo para as salas de aula conteúdos, histórias, memórias e afetos que falam do cotidiano desses estudantes”.

Sustentabilidade 

Outro aspecto importante, destaca o professor Picanço, é o fortalecimento do debate sobre sustentabilidade – em tempos de emergências climáticas e cidades resilientes – nas escolas da Ejai. “Quando trabalhamos na direção de preservar a nossa cultura alimentar, seguindo a proposta pedagógica freireana, salvaguardamos as nossas tradições e ancestralidade, o que importa diretamente ao respeito à natureza”, completa. O coordenador ressalta também, que “esse é o legado que também deixamos neste momento preparatório para nossa Belém receber a COP-30”.
 

Texto:

Silvia Sales

Veja também