“ETNOCONEXÕES” – Arte marajoara ajuda alunos da rede municipal a aprender matemática

• Atualizado há 5 anos ago

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Estudar matemática observando e reconhecendo os pontos, retas e planos das faixas decorativas das cerâmicas marajoaras ficou mais fácil para os alunos do Liceu Escola Mestre Raimundo Cardoso, deixando a aula de geometria mais divertida e criativa. A iniciativa é parte do projeto “Etnoconexões entre arte e matemática”, que mostra aos alunos a relação entre a matemática e o cotidiano, valorizando a cultura ceramista do Paracuri, em Icoaraci.

Para comemorar os dez anos do projeto, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec), apresenta, até o dia 14 de junho, o resultado desse trabalho com uma exposição na galeria do Liceu Escola Mestre Raimundo Cardoso, localizada na travessa dos Andradas, 1110, na Ponta Grossa de Icoaraci. A exposição é aberta ao público, nos horários das 9h às 11h e das 14h às 17h, e mostra joias, pinturas em tela e esculturas, além da novidade deste ano, que são as peças desenvolvidas a partir da arte em linhas.

“Nas minhas pesquisas descobri a etnomatemática, que estuda a matemática dentro de um contexto. E como o contexto cultural da cerâmica é muito forte, aqui em Icoaraci, os meus alunos têm muita informação ou por serem filhos de artesãos ou por morarem próximos de artesãos. E a partir das oficinas de cerâmica, observei o trabalho da professora de arte Márcia Barroso, que traz a geometria nos traçados, e fiz o convite para trabalharmos juntas. Foi assim que surgiu o projeto ‘Etnoconexões entre a arte e a matemática’”, conta a professora de matemática Rosângela Dantas Martins, idealizadora do projeto.

Projeto – O projeto “Etnoconexões”, em dez anos, já atendeu mais de 800 alunos do 8º ano e é responsável por intervenções na escola partindo de ideias dos alunos, como o projeto de uma trilha com uma pracinha em mosaico e um muiraquitã em formas geométricas para identificar do bloco onde eles estudam.

Para os alunos, o projeto deu outra dinâmica para as aulas. “As aulas práticas nas oficinas nos ajudaram a compreender melhor a geometria com suas linhas retas, curvas, perpendiculares e paralelas e a expressar a nossa criatividade. Comecei a perceber melhor a cerâmica. Em 2018, fizemos um mosaico com traços marajoaras, pesquisamos o significado dos desenhos. Estamos orgulhosos com o resultado. Este projeto é especial, porque ele pode mudar toda a tua vida e a tua história”, conta a aluna do 8º ano, Lourdes Cristina da Cunha Lisboa.

Orgulhosa, a professora Rosângela relembra de alguns momentos marcantes de uma década de projeto. “Em 2010, tive um aluno que tinha um raciocínio lógico fantástico, mas não acreditava no projeto. Aos poucos, ele foi se envolvendo e no final foi um dos responsáveis pelo projeto da trilha e da pracinha da escola e o olhar dele mudou completamente. Em 2016, visitamos o Polo Joalheiro e os alunos ficaram encantados. Fiquei sabendo depois que muitos estão produzindo joias e vendendo. E, mais recente, tive o aluno Wendel Rodrigues, que depois de uma pesquisa na internet sobre arte em linhas, trouxe a proposta e acabou ensinando a técnica para a turma”, conta Rosângela, acrescentando que é professora e também aluna, pois compartilha conhecimento com os estudantes durante as aulas.

Didática – A professora Rosângela Martins explica que durante as aulas de geometria, os alunos visitam algumas olarias e lojas próximas da escola. A orientação inicial é para que eles só observem as peças. De volta à sala de aula, com os registros em fotos e escritos, os alunos relatam as suas impressões e a professora questiona o que eles observaram com relação à matemática.

“Cada um vai citando que viu, como um triângulo, um quadrado. A partir desse levantamento de aspectos da matemática, vejo o que posso explorar nas aulas de geometria e apresento o ‘Etnoconexões entre arte e matemática’”, explica Rosângela, que tem como base de trabalho o catálogo ‘Motivos ornamentais da cerâmica marajoara’, do padre Giovanni Gallo, fotógrafo e arqueólogo que trabalhou com o grafismo indígena. Os alunos analisam as faixas marajoaras e as reproduzem, fazendo uma releitura a partir do olhar deles.

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Texto: 
Tábita Oliveira

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