Escola em Mosqueiro reinventa ensino na pandemia com “Teatro em Casa” e mobiliza comunidade

• Atualizado há 3 anos ago

Mesmo com o distanciamento imposto pela pandemia da covid-19, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Lauro Chaves, em Mosqueiro, buscou se aproximar dos alunos e suas famílias por meio do projeto Cultura Itinerante: Baia do Sol – eu te amo e te preservo, que, ao longo do segundo semestre de 2021, realizou diversas atividades de incentivo à leitura e à criatividade, tendo como resultado final o “Teatro em Casa”, atividade que já era realizada presencialmente na escola, e que agora ganhou novo formato registrado em vídeo.

A fábula escolhida foi A Cigarra e a formiga, que conta a perspectiva das duas personagens diante da vida e do trabalho. A atividade teve a participação da turma do 3º ano.

Em casa – A professora de arte, Andréa Azevedo, idealizadora do projeto, conta que foi à casa dos estudantes conversar com as famílias e orientá-los sobre a atividade, para que compreendessem a leitura e interpretação do texto teatral, a construção dos personagens com exercício de expressões e gestualidades, até que entendessem a sua casa enquanto cenário para realizarem a produção e filmagem do vídeo.

Nas visitas às famílias, Andréa Azevedo teve a parceria da pedagoga Floriza Vale, regente da turma do 3º ano, que apresentou a fábula para os estudantes, e da professora Adélia Valente, regente da Biblioteca Escolar Clarice Lispector, ambas servidoras da escola, além da diretora Cristiane da Silva. Juntas com os demais funcionários, elas ajudaram muito na mobilização da comunidade.

Engajamento – A professora de arte conta que os estudantes e as famílias sempre foram muito engajados nas atividades da escola, e nesta atividade não foi diferente, a empolgação tomou os bastidores da gravação. Mães e avós aprenderam até a filmar com o celular.

“A alegria contagiou todos que participaram. Foi um processo e dependíamos das famílias para dar certo. Este projeto é extremamente significativo por termos conseguido envolver todos da escola. Nós sabíamos que os pais e mães iam embarcar nessa aventura. O melhor de tudo foi o reencontro, o afeto e a felicidade de estarmos juntos novamente, mesmo que, por vezes, nos silenciássemos para escutar relatos de angústia e dor que a pandemia provocou, porém sempre com a esperança, fé e alegria de estarmos juntos”, relembra a professora.

Dom de cantar – Uma das protagonistas da história, a cigarra, foi interpretada pela Rihanna Samai da Silva Glins, 9 anos, que agora é estudante do 4º ano. Ela tem o dom de cantar e estava muito feliz de participar do projeto.

“Foi muito significativo pra mim, porque me deu a oportunidade de rever minhas coleguinhas e professoras. E de fazer o que mais gosto que é cantar. Espero que outras oportunidades culturais possam surgir”. A avó Risete Pereira Glins, 59 anos, acompanhou a gravação e conta que foi muito importante vivenciar novas experiências mesmo durante a pandemia, pois ajudou a proporcionar alegria as crianças.

Uma das formigas da fábula foi interpretada pela Thaissa Cristina Silva Cardoso, de 9 anos. Ela achou muito divertido participar da peça. “Adorei ensaiar. Aprendi a decorar o texto e a interpretar”, disse a estudante, ansiosa para o retorno das aulas presenciais na sua escola. A mãe dela, Taiane da Silva, 24 anos, que gravou o a participação da filha no vídeo, adorou a iniciativa das professoras, porque sua filha estava com saudades da escola, além de ter aprendido a gravar.

Mobilização – A professora de artes recorda que o projeto promoveu muitas ações até finalizar com o “Teatro em Casa”. Os funcionários da escola se dividiram em equipes para mobilizar a comunidade, para divulgar e realizar as primeiras atividades de incentivo à leitura como, a Biblicicleta, onde ciclistas dos Pedais do Sol percorriam a redondeza distribuindo livros e contando histórias pelo caminho.

Teve pai de aluno que é Dj e produziu a música de divulgação do projeto. Pescadores que emprestaram barcos para os alunos navegaram com as professores ao som de musica instrumental e muitas leituras. Professora que saiu emprestando livro no porta-mala do carro. Porteiro que até mobilizou empresa de ônibus para os alunos e a comunidade compartilharem música e poesia durante as viagens.

Despois desta experiência fantástica, a professora Andréa já programa repetir o “Teatro em Casa” com os novos alunos de 2022. O vídeo foi compartilhado nos grupos de whatsapp das turmas. Ele será exibido nas formações de educadores da rede municipal de ensino de Belém e de outros estados como relato de experiência na pandemia.

Texto:

Tábita Oliveira

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