Professores da rede municipal de ensino, pais de alunos e pessoas da comunidade participam da segunda turma do curso de Braille, promovido pelo Centro de Referência em Inclusão Educacional (Crie) Gabriel Lima Mendes. As aulas começaram nesta quarta-feira, 16 e se estendem até o dia 22 de junho. O Centro é responsável pelo atendimento educacional de mais de 2 mil alunos matriculados na rede e está vinculado à Secretaria Municipal de Educação (Semec).
O curso tem carga horária de 60h e está dividido em duas turmas, uma às segundas-feiras e outra às quartas-feiras, das 19h até às 21h30. Das 70 vagas ofertadas, 53 já foram preenchidas. “Vamos abordar a temática do braille, orientação a mobilidade com a aprendizagem do uso da bengala longa para as pessoas cegas terem autonomia nas ruas, técnica do guia vidente e a tecnologia assistiva”, explica o coordenador do programa Nas Tuas Mãos, professor Aguinaldo Barros.
Educação inclusiva
O curso faz parte do programa Nas Tuas Mãos, que realiza o atendimento aos estudantes com deficiência visual e conta com uma equipe composta pelos professores Jarbas Silva, Lorival Nascimento, Joana Martins, Maria de Belém, e a psicóloga Gabriela Conduru, todos com deficiência visual, além das professoras videntes (com visão) Joana Martins e Maria de Belém. Também fazem parte do curso os audiodescritores que integram o Programa de Acessibilidade (Proacess), Aristide Brito, Álvares José, Maria Regina e Suelen Silva.
Gabriela Conduru, psicóloga do programa, conta que atualmente a rede municipal de educação conta com a inserção de psicólogos e assistentes sociais nas escolas. Ela é concursada desde 2012 e relembra que o Crie sempre pensou em propostas pedagógicas para trabalhar a aceitação e promover a autoestima de pessoas com deficiência visual.
“No curso a ideia é fazer com que o professor vivencie esse universo através da empatia. Quando a gente fala em inclusão, a gente não tá pensando só naquele momento, existe a possibilidade de intervir agora para que no futuro essas crianças também estejam trabalhando como qualquer outro indivíduo sem deficiência”, explica a psicóloga.
Gabriela conta que durante a infância já passou por situações de exclusão e consegue orientar os alunos e suas famílias a trabalhar essas potencialidades dentro de sala de aula.
Opção pela educação especial
A professora Tânia Romano é lotada no Crie e conta que escolheu trabalhar com educação especial. “Fiz o concurso para educação geral, mas pedi para ficar na educação especial para ajudar os alunos com deficiência. Já tive a experiência com alunos cegos e aí que senti essa necessidade de aprender mais sobre braille e por dar o melhor ensino, porque eles merecem. Hoje tô aqui no curso para ampliar esse conhecimento”, explica. além do Crie, Tânia atua nas escolas municipais, Olga Benário, Parque Bolonha, Aurora Vieira e República de Portugal.
A estudante de Letras, Uendy Gonçalves, 20 anos, conta que soube do curso pelas redes sociais da Prefeitura de Belém e sempre teve interesse em aprender braille por ter uma avó cega, que tinha o sonho de aprender a ler. “Com o tempo de formação acadêmica percebi a extrema necessidade de profissionais capacitados para este público. Temos público, mas não temos demanda de profissionais e por isso vim fazer o curso como comunidade”.
Nesta quinta-feira, 17, o Crie também inicia o curso básico de Língua de Sinais Brasileira (Libras) para professores e comunidade, sempre das 19h até às 21h30, na sede localizada na Av. Gentil Bittencourt, 694.
Texto: Tábita Oliveira