A rede municipal de educação de Belém conquistou a sua primeira escola de educação quilombola. É a Escola Municipal de Educação Quilombola Arlinda Gomes, que fica localizada no território quilombola de Sucurijuquara, ao norte da ilha de Mosqueiro, entre os bairros de Carananduba e a Baía do Sol. A medida consta na Portaria nº 1.077/2024, assinada pela titular da Secretaria Municipal de Educação (Semec), Araceli Lemos. A nova escola vai atender 241 estudantes, da faixa etária de 4 a 15 anos. “Uma luta de mais de três anos com resultado exitoso e que nos deixa com o sentimento de dever cumprido”, ressalta emocionada Araceli.
A escola está em reforma, iniciada em fevereiro deste ano, e será entregue já funcionando com a nova modalidade de ensino. Todo o acervo da unidade extinta, a Escola Municipal do Campo (EMEC) Angelus Nascimento, será transferido para a nova escola do Distrito de Mosqueiro (Damos).
Início
O primeiro passo para consolidação deste projeto, relata a professora Sinara Dias, titular da Coordenadoria de Educação para as Relações Étnico-Raciais (Coderer), vinculada à Semec, foi reunir a comunidade escolar e a Associação de Moradores Remanescentes do Quilombo de Sucurijuquara (Arequis). “Isso foi em maio de 2021 e, neste encontro, houve a manifestação de trocar a modalidade de Escola de Educação do Campo para Educação Quilombola”, recorda a professora. Desde então, a Coderer realizou um trabalho intenso para a regulamentação da nova unidade educativa, ao acompanhar todos os trâmites legais para consolidar um sonho daquela comunidade.
Em março de 2022, a direção da então EMEC Ângelus Nascimento, em parceria com a Arequis, formalizou o pedido de troca de modalidade da unidade educativa e, a partir desse documento, a Coderer seguiu organizando todo o processo com apoio do Conselho Municipal de Educação (CME), e promovendo visitas técnicas, reuniões e orientando a comunidade sobre os trâmites e documentações necessárias para a regulamentação da modalidade Educação Quilombola. “E em setembro de 2022 começamos as primeiras conversas para a construção do Projeto Político Pedagógico Quilombola, o PPPQ”, conta o professor formador da Coderer, Ataide Junior.
Projeto pedagógico
Dentre os objetivos construídos nas reuniões e formações junto à comunidade, estão fortalecer o ensino e aprendizagem com uso da legislação que rege a educação do campo e quilombola, para que os estudantes das comunidades quilombola e campesina desfrutem de uma proposta pedagógica que contemple as suas especificidades, valorizando costumes que fortaleçam suas identidades.
A comunidade de Sucurijuquara, que tem uma população de 689 habitantes, recebeu o reconhecimento da titulação como território quilombola pela Fundação Palmares, em 2014.
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