“Eu tô muito feliz. Hoje é um dos dias mais especiais da minha vida. Tô muito emocionada com tudo que tá acontecendo aqui”, disse a aposentada Maria Machado Trindade, conhecida por dona Quinha, 78 anos, sobre a construção da escola municipal na ilha Grande, às proximidades da ilha do Combu.
Foi dona Maria quem recepcionou o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e mostrou a ele a escola em construção, durante uma visita realizada nesta terça-feira, 22. O prefeito estava acompanhado da diretora geral da Semec, Araceli Ramos, e de arquitetos da Prefeitura de Belém.
É um sonho sendo realizado – “Daqui a pouco quero ver minhas crianças e meus bisnetos e netos aqui, estudando. Vai ser muito bonito”, disse a aposentada. A cada espaço visitado, a moradora Quinha se emocionava ao imaginar o dia da inauguração da escola. Ela foi uma das primeiras educadoras da Ilha Grande a levar alfabetização às crianças da localidade, na década de 1970.
A escola fica localizada na ilha Grande, em frente à ilha do Murucutu, e atenderá crianças das proximidades. “A educação nas ilhas, na ilha do Combu e na ilha Grande, onde se encontra essa escola, foi uma demanda muito forte, quando chegamos. Essas escolas estavam abandonadas”, disse a coordenadora de Educação do Campo, das Águas e das Florestas, professora Valéria Lopes.
Saberes respeitados – As ilhas da Belém são marcadas pela tradição da pesca artesanal, produção de cacau e açaí, por saberes amazônicos sociais e econômicos, respeitados dentro do projeto político-pedagógico de educação na rede municipal de Belém.
“É uma educação que se desenvolve no diálogo. Aqui, nós temos uma comunidade que tem muito a ensinar. E nossos professores, que são qualificados academicamente, também têm a ensinar, mas têm muito mais a aprender. E, em breve, vamos inagurar a escola da comunidade”, disse o prefeito Edmilson Rodrigues, após acompanhar o andamento do acabamento da obra.
Homenagem – O prefeito de Belém propôs à equipe da Secretaria Municipal de Educação (Semec) e aos moradores da ilha, que a escola tenha o nome de Maria Machado Trindade, a dona Quinha. Ao escutar a novidade, dona Quinha não conseguiu evitar as lágrimas.
“É importante a gente homenagear a dona Quinha, em vida. Ela é merecedora dos títulos mais altos que as academias nos dão, porque ela é uma sabia popular. O conhecimento popular é substância fundamental para a produção do conhecimento científico. Ela é uma sabia e educadora popular”, destacou o prefeito.
Estrutura – O espaço educacional, que está com mais 90% das obras concluídas, foi projetado para atender os moldes de uma escola amazônica, com estrutura que possibilita ventilação cruzada. A estrutura da escola está distribuída em cinco grandes malocas, onde funcionarão salas de aula, secretaria, banheiros, refeitório e cozinha e a maloca central para espaço de recriação dos alunos.
Regionalidade – O valor investido na escola é de R$ 1.460.000,00. “A gente seguiu essa concepção dos ribeirinhos e mantivemos essa regionalidade, composta por cinco malocas, e prezamos pela madeira nobre da nossa Amazônia, a Acariquara, no pilar de sustentação das malocas. E também estamos preservando a cor da madeira natural”, explicou a arquiteta do Departamento de Obras da Semec, Mary Gatinho.
A escola tem capacidade para atender, em média, 120 adolescentes do ensino fundamental, do 6° ao 9° ano. De acordo com a Semec, após a inauguração, será aberto o período de matrículas.