Formação em Educação para Bebês capacita professoras de berçário da rede municipal

• Atualizado há 2 anos ago

“A ideia é valorizar e sistematizar os saberes empíricos dos professores de berçários ou creches” , disse a professora Celi Bahia, coordenadora do projeto “Saberes constitutivos da docência com bebês: o lugar das vozes do professor na pesquisa e formação”, durante a formação continuada realizada nesta quinta-feira, 09, na Escola Municipal Lúcia Castro, no bairro do Marco, para professoras de berçário da unidade e da Escola Municipal Luzmarina de Melo Muniz, localizada no residencial Quinta dos Paricás, em Icoaraci.

O projeto está na segunda edição e é desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Crianças, Infâncias e Educação Infantil, da Universidade Federal do Pará (UFPA). A formação tem como base o diálogo proposto por Paulo Freire, patrono da educação brasileira, e é realizada uma vez por mês durante a Hora Pedagógica, e deve se estender por um ano e meio.

Celi Bahia destaca que o professor de berçário ou creche não tem clareza da sua potência, vistos muitas vezes, pelo senso comum, como babás. “O professor deve se empoderar, porque o trabalho com bebês é muito diferente das outras docências. A gente quer que o professor faça o seu trabalho com consciência teórica e fundamentada diante das escolhas que está tomando no cotidiano”, disse a professora sobre projeto que tem como metodologia o relato escrito por meio de mini- histórias.

A professora Solange Mochiutti acrescentou  que na mini-história o protagonista é a criança. Sendo assim, o docente deve fazer o registro fotográfico do cotidiano pedagógico e narrar a cena fazendo algumas observações e reflexões do saber fazer da criança, ou seja, construir uma memória pedagógica sobre o desenvolvimento e aprendizagem da criança.

Mini-história – A pedagoga Karen Xavier, da Escola Municipal Lúcia Castro, que atua há nove anos nas turmas de berçário, compartilhou a história do bebê Samuel Macedo Queiroz, de um ano, que ao se despedir dos pais abre o berreiro, mas que ao mesmo tempo é também muito curioso com muita energia e força para gastar. A cena relatada foi da atividade no parquinho da escola, onde a criança explorou o espaço e interagiu com crianças maiores.

“Sempre achei uma docência bem desafiadora. Na época que entrei pouco se falava sobre essa docência. Hoje a gente vê uma maior preocupação com essa docência que é bem diferenciada. O bebê é um autodidata. A gente só precisa dar pra eles condições para explorar, pesquisar, descobrir. Essa experiência da mini-história é bem desafiadora. A gente não tem esse treino de olhar, observar e escrever o cotidiano”, comentou Karen.

Outro relato de experiência foi da pedagoga Fabíola Castro, da Escola Luzmarina Muniz. Ela contou a mini-história do Bernardo Ferreira Miranda, de um ano e dois meses. Os pais relatavam o medo da criança por qualquer objeto que fizesse barulho e que num dos registros pedagógicos na sala do Brincarte, onde tem instrumento musicais, constatou-se a superação com relação ao som dos objetos.

“Para minha surpresa o Bernardo se divertiu com o tamborzinho explorando cores e tamanhos. Essa experiência de partilhar conhecimento é importante e gratificante, porque essa troca é muito importante para compartilhar as nossas angústias, medos, certezas, saberes e se aventurar”, relata Fabíola.

A formação contou também com a participação do pedagogo Luciano Ferreira Ribeiro, voluntário do grupo de pesquisa e que pretende se habilitar no mestrado em educação de bebês. “Tem algumas discussões que foram faladas aqui sobre a força do bebê, que me interessa. Se a forma como pais manejam seus filhos interfere na força que os bebês vão impor na relação com outros bebês e a professora. Se criança que tem uma habilidade de subir precoce é negligência? Ou habilidade natural mesmo?” questionou o professor entusiasmado com proposta das mini- histórias. 
 

Texto: Tábita Oliveira

Veja também

Skip to content