Estudantes da etnia Warao também retornam às aulas presenciais em Belém

• Atualizado há 3 anos ago

Com uma acolhida especial e pensada na promoção da inclusão e bem-estar dos indígenas da etnia Warao, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Helder Fialho Dias, localizada no distrito de Outeiro, recebeu 34 estudantes entre adolescentes e adultos desde a última segunda-feira, 14. Com a matrícula 2022 aberta a perspectiva é que este número aumente no decorrer do tempo.

A procura é resultado de uma iniciativa da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec), que instituiu em 2021 a Coordenação da Educação Escolar dos Indígenas, Imigrantes e Refugiados (Ceiir), com o compromisso de promover e garantir educação integral com dignidade humana e territorial aos refugiados, compreendidos como sujeitos de direito, inicialmente atendendo os Warao.

A técnica de referência do Ceiir, Kátia Tavares, conta que houve bastante procura por parte dos refugiados para retornar às salas de aula. 

”Estávamos em diálogo com três comunidades verificando quem queria retornar às aulas e descobrimos que muitos deles tinham interesse. Eles foram até a escola se matricular”. 

Acolhimento – Para o professor Jairo Gama, atender este público é desafiador, uma nova experiência. ”Ainda estamos nos adequando para recebê-los e também aprendendo junto com eles. É necessário que tenha um olhar atento do profissional de educação para que eles possam se sentir parte da comunidade escolar, que passem a enfrentar essa barreira linguística da melhor forma possível”, pontua.

Agradecimento – A aluna indígena Arles Yakelin Torres Cooper, estudante do 2º ano do ensino fundamental, agradece o acolhimento que recebeu do país e tem grandes expectativas com o retorno às aulas.

“Sou venezuelana e aqui os brasileiros são muito amigos. Eu tive que parar de estudar, mas agora voltei, aos 18 anos. Agora eu sonho em ser bailarina”, revela. A jovem Gardelys Yakelin Torres Cooper, também estudante do 2º ano, está satisfeita e sonha com um futuro melhor. ”Quero estudar muito e ser uma pessoa importante. Agradeço a oportunidade que estou tendo”, disse.

Todos os alunos passaram por uma avaliação do ensino-aprendizagem para nivelar a idade com a turma correspondente. Kátia Tavares também relata que é a primeira vez que adultos indígenas estão indo para escola e reconhece a importância deles escolherem a instituição como porta de ensino para uma vida melhor.

”Isso representa muito, porque é um olhar de respeito para a escola desta rede municipal que está acolhendo os adolescentes e agora adultos”.

Atualmente há mais de 200 alunos indígenas matriculados na rede municipal de educação de Belém, em diversas escolas, entre elas a Escola Municipal Professora Maria Heloísa de Castro, Escola Municipal Nosso Lar, ambas localizadas no bairro do Tapanã.

Além das escolas municipais Professor Pedro Demo, Monsenhor Azevedo, e a Unidade de Educação Infantil (UEI) Itaiteua, localizadas no distrito de Outeiro.
 

Texto:

Amanda Cunha

Colaboração:
Eduardo Marques

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