A Ciência vem ganhando espaço na escola pública municipal de Belém, na gestão do prefeito Edmilson Rodrigues. Desta vez quem ganhou destaque foi a Escola Municipal Ida de Oliveira que, pelo terceiro ano consecutivo, conquistou medalhas e certificados de participação na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) 2022. Este feito é resultado do trabalho da professora Lúcia Lobato, docente das turmas do 5º ano, que desde 2011 participa da Olimpíada Brasileira de Astronomia e em 2020 resolveu inscrever, na competição, a sua turma da Escola Municipal Ida de Oliveira, localizada no bairro Maracangalha. A unidade atende até o 5º ano do ensino fundamental.
A professora conta que a cada ano grandes potenciais são revelados em sala de aula e muitos são contemplados por bolsas de estudo pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo Museu Emílio Goeldi e grandes parceiros como a Universidade Federal do Pará (UFPA).
A escola, por exemplo, também é premiada na competição e ano passado ganhou uma luneta da OBA pelos resultados que alcançou com uma medalha de prata e duas de bronze. Este ano 18 crianças participaram da OBA. No último dia 15, a professora reuniu responsáveis e estudantes para fazer a entrega das medalhas e certificados.
Com muita dedicação, Lúcia prepara todo o material de apoio durante a competição. “Desenvolvo um trabalho de incentivo à temática de iniciação científica com leituras, pesquisa, vídeos e atividades complementares”, explicou a docente com formação em alfabetização científica pelo Museu Emílio Goeldi.
OBA – O objetivo é levar conhecimento astronômico correto e atual aos alunos e professores, envolvendo planetários, clubes de astronomia ou de ciências, astrônomos profissionais e amadores em mutirão astronômico em prol do ensino e da divulgação da astronomia. A prova envolve conhecimentos de física e matemática, com sete perguntas de Astronomia e três de Astronáutica.
Os pais estavam muito felizes com a participação e o resultado dos filhos na competição. “Agradeço à escola e à professora Lúcia que incentiva as crianças e aguça a curiosidade deles. Fico feliz de ver este trabalho na educação pública. É uma forma de valorizar o ensino público e a importância da escola pública conquistando esses espaços. São vários alunos de uma escola da periferia”, disse a antropóloga Sílvia Sousa, 34, mãe do pequeno Mateus Sousa da Silva, 10, aluno do 5º ano.
O menino tímido obteve nota 9, ganhou a medalha de bronze, e agora faz parte do grupo de pesquisa para se preparar para a competição de 2023. Mateus quer se formar em alguma profissão relacionada com Astronomia.
Outro pai orgulhoso é Dyego Sena, 38, vigilante. “Achei muito legal a escola trazer outras atividades. Meu filho já tinha facilidade para matemática e com essas atividades ele se desenvolveu mais. No meu tempo não tinha essas competições. Ele quer ser bombeiro e agora é só continuar a incentivar os estudos”, elogiou Dyego, pai do Paulo Ricardo Damasceno Sena, 11, do 5º ano.
Novidade – A Escola Municipal Ida de Oliveira também inscreveu os alunos na primeira edição da Olimpíada Brasileira de Matemática Mirim (Obmep) 2022 e teve três finalistas: Mateus Sousa da Silva, Gustavo Martins da Cruz e Letícia Leal Rodrigues. A competição é direcionada aos estudantes do 1º ao 5º ano. Uma edição experimental para incentivar desde cedo o gosto pela matemática.
Letícia Leal Rodrigues, 13, do 5º ano, comentou que foi divertido e intenso participar das competições tanto da OBA quanto da Obmep. “Sempre tive interesse pelo espaço, pela ciência. Aprendi mais sobre as estrelas. Mas a maioria da turma achava que não tinha potencial e conseguiu”, revelou Letícia que quer conhecer mais sobre Ciência, apesar de sonhar em ser pediatra no futuro. “A maioria das pessoas tem um conceito errado de que na escola pública não tem atividades como essa de iniciação científica”.
Pesquisador Mirim – A professora Lúcia Lobato publicou em 2020 o artigo “Insetos Aquáticos: um modelo para estudo de educação ambiental” desenvolvido com os pesquisadores Ana Paula Justino Faria, Lenize Batista Calvão, Leandro Juen e Marcos José Lobato Ferreira, além de uma das suas turmas. O artigo foi apresentado no I Encontro de Estudos Biológicos Online e publicado na Revista Multidisciplinar de Educação e Meio Ambiente.
Sabendo do interesse de maior de alguns alunos, Lúcia divulgou para as famílias a seleção do Clube do Pesquisador Mirim do Museu Emílio Goeldi e um dos seus alunos, Ruan Miguel Teixeira dos Santos, 10, foi selecionado este ano com uma bolsa de estudos. “A minha família queria que participasse para não ficar em casa sem fazer nada. É muito bom. A gente aprende sobre animais e plantas amazônicas. Aprendi também sobre os fósseis”, disse o menino entusiasmado com o mundo dos fósseis e planejando ser museólogo no futuro.
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