Educação antirracista na primeira infância é tema de debate promovido pela Prefeitura de Belém

• Atualizado há 1 ano ago

Com o intuito de capacitar os educadores no combate ao racismo no ambiente escolar, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec), promoveu nesta sexta-feira, 17, a II Formação Permanente para mais de mil professores, coordenadores pedagógicos, assistentes e bibliotecários da rede municipal que atuam na educação infantil. 

O tema do encontro foi “O racismo estrutural em suas múltiplas práticas na educação infantil”. O evento foi conduzido pela Coordenadoria de Educação para Relações Étnico-Raciais (Coderer) e a Coordenação da Educação Infantil (COEI) da Semec, no Centro Cultural e Turístico Tancredo Neves (Centur). 

Sociedade igualitária

A formação promove a discussão, na rede municipal de ensino, de temas relevantes no contexto atual da sociedade. “Nosso sonho, a partir de formações como esta, daqui a algum tempo, é poder ter uma sociedade mais igual em todos os sentidos, crenças e etnias”, disse o diretor-geral da Semec, Laurimar Matos.

Durante a mesa de debate, os professores Sinara Dias e Ataíde Junior, professor formador da Coderer, apresentaram livros que podem ser utilizados nas práticas pedagógicas com temáticas que envolvem a Educação para as relações Étnico-Raciais (ERER).

Além da exposição das obras, foi enfatizada a Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas brasileiras.

Outro tópico que enriqueceu o encontro foi a demonstração dos exemplos do racismo estrutural, presente no vocabulário utilizado de maneira inconsciente ou em forma de brincadeiras. A exemplo das frases “a coisa tá preta” e “humor negro”.

Ferramentas de combate ao racismo

Além disso, os professores discorreram sobre as formas que a Semec vem utilizando em seus encontros nas escolas, para combater o racismo. Durante os eventos, a secretaria apresenta o projeto Cartilha Mariele; também faz a exibição do video “O Cabelo da Lelê”; usa os Jogos Antirracistas; e mostra a coleção de Xirês Pedagógicos, que são livros de pano com conteúdos sobre os orixás e foram confeccionados por professores e alunos da Escola de Campo (EMEC) Angelus Nascimento.

Na abertura, a professora Sinara Dias, que está à frente da Coderer, recordou um fato recente de racismo, quando o livro Amoras, do cantor e compositor Emicida, foi alvo de preconceito.

“É muito importante discutir este fato com todos os educadores da educação infantil – pois são esses professores que convivem, todos os dias, com centenas de crianças-, por meio de práticas pedagógicas, que podem enfrentar o racismo estrutural e todas as manifestações, por meio da literatura infantil, um recurso pedagógico super importante para este público”, enfatizou a professora, buscando alertar para a falta de conhecimento que reforça o racismo e o quanto é fundamental a formação para a rede.
 
Práticas pedagógicas

Nova na rede, a professora Daniele Cunha Corrêa, da Unidade de Educação Infantil (UEI) Sacramenta, estava com grande expectativa em sua  primeira formação. “É um momento importante de aprendizagem e participar desses momentos, como efetiva da rede, é uma felicidade em poder melhorar cada vez mais como professora e desempenhar um papel formador em nossa rede municipal”.

“Educar desde pequeno é fundamental, para demonstrar os posicionamentos que não são corretos e buscar, por meio da literatura, vídeos, músicas, e trabalhar de forma lúdica todas as maneiras para enfrentar o racismo desde os anos iniciais”, destacou Juliana Paixão, diretora da UEI Sacramenta. 

A professora Camila Rocha, da Escola de Educação Infantil (EMEI) Nosso Lar, destacou que a discussão sobre o racismo não deve se prender somente a data do Dia da Consciência Negra, no mês de novembro.

“Trazer essa temática para a educação infantil é muito significativo para as nossas crianças, pois a escola é um local fundamental de acesso à informação e onde é possível abordar esses temas, com práticas contínuas, buscando não centralizar as discussões apenas no mês de novembro, mas ao longo do ano inteiro. Então, essa formação reflete em nossas práticas e contribui com a formação dos sujeitos educados e conscientes”.

Ações integradas

A educação antirracista é uma ação coletiva, que envolve também o Sistema Municipal de Biblioteca Escolares (Sismube), Centro de Referência em Inclusão Educacional (CRIE) Gabriel Lima Mendes, a Coordenação de Educação Escolar dos Indígenas, Imigrantes e Refugiados (CEIIR). “Essas parcerias só tem a dinamizar, ampliar nossos conhecimentos e fortalecer nossas práticas pedagógicas para uma transformação social”, disse a coordenadora de Educação Infantil, Nilcelene Dias.

Texto:

Leandro Muller

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